2.9.10

Hoje não sou eu, não sei quem sou e muito menos quero saber.
Escondi-me num canto, meti-me dentro de uma caixa. Não vejo nenhuma luz brilhante na minha direcção e ando por aí, na noite ou no dia.
Não sou aquilo que sempre quis ser, não sou grande e não tenho pés de bailarina e muito menos mãos de escritora. Não tenho voz para cantar e vejo tudo a preto e branco. As únicas coisas que tenho são as lembranças e os sonhos. Tenho aquilo que me deste e tenho ainda um pouco daquilo que sempre tentas-te esconder, mas existem pessoas transparentes sabes ?
Tenho saudades de ti, da relva onde nos sentámos tanta vez em tardes que provavelmente só eu queria que não acabassem, de todos os sítios onde estivemos e deixámos uma marca de nós, daquele nós que nunca chegou a ser completo, apenas foi eu e tu e mais nada. Não conseguimos ter vontade própria para tudo o que queríamos dizer, não nos conseguimos olhar uma última vez nos olhos porque os fechámos para nos beijarmos, entre tantas outras coisas que não conseguimos não por sermos inúteis mas sim por sermos como um livro que já trás defeitos, sendo assim é impossível de reparar, tem páginas soltas ou talvez coladas. A tinta está toda borrada e é impossível de ler, nós somos assim. Ninguém dá uma chance para esse livro se refazer tal como nós não fizemos com nós próprios. As nossas mãos não se tocam à mais de um mês, tu já não te lembras do cheiro do meu perfume ou dos meus toques quando estava do teu lado, esqueces-te o nosso último beijo e esqueces-te a nossa última noite juntos em que quase choras-te. Não sei do que sinto por ti, provavelmente está fechado na mesma caixa em que eu estou hoje. Não sai cá para fora nem sequer tenta simplesmente porque se esqueceu do bom que era...

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